segunda-feira, 2 de setembro de 2013

1937, Guernica



iHola! O meu nome é Juan Martínez. Vou contar-vos sobre a noite em que a minha vida de adolescente despreocupado terminou. Era 24 de Abril de 1937 e eu tinha apenas catorze anos. Morava com a minha família em Guernica. Nessa manhã, como era habitual, o meu pai Javier, fora para a escola assim como eu. Ele era um professor respeitado e eu um aluno bastante razoável. Nessa noite, que prometia ser tão monótona como as anteriores, o meu pai anunciara a nossa fuga para junto dos nossos parentes em Madrid.
No dia 26 de Abril, um Domingo, o meu pai, homem bastante religioso foi à igreja. Enquanto isso a minha mãe, Cármen arrumara uma mala com os nossos mais valiosos pertences. Além disso, havia colocado nela todo o nosso dinheiro e uma Browning Hi-Power que só mais tarde eu descobriria para quê. O dia passou lento por mim, que tive de mentir para os meus amigos.
De madrugada e a coberto de escuridão e do silêncio da noite fugimos. Conseguimos esconder – nos e embrenhar – mo – nos no mato antes que a Legião Condor se aproxima – se demasiado da cidade.
Finalmente o dia 27, um dia que jamais esquecerei, viva eu o tempo que viver. Era segunda-feira, dia de mercado. Tenho a certeza que a maioria dos meus amigos estavam lá, provavelmente a tentar pilhar algo. Nem eles suspeitavam do que aconteceria.
Por volta das 16h30, os sinos da igreja começaram a tocar a rebate. Às vinte para as cinco, começaram a surgir os Heinkels 111, primeiro bombardeando a cidade, e em seguida metralhando as ruas. Os Heinkels foram seguidos pelos antigos espectros da Guerra da Espanha, os Junkers 52. E onde eu estava podiam – se ouvir os gritos. Bombas incendiárias, assim como poderosos explosivos, foram lançados por ondas de aviões que surgiram de vinte em vinte minutos até às oito menos um quarto. A minha mãe tentou correr de volta gritando e esperneando mas foi agarrada pelo meu pai. Eu estava demasiado aterrorizado para reagir.
No final do ataque aéreo, um total de quarenta aviões, tinham lançado, o que hoje sei terem sido trinta toneladas de bombas. Além de terem, como mais tarde, em Bilbau me foi contado, metralhado sem piedade homens, mulheres, crianças e até gado. A cidade estava completamente destruída. A minha mãe estava inconsolável. Nesse momento toda a minha família chorava.
Foi quando os soldados se aproximaram de nós. Eram dos nossos, hoje tenho certeza, mas como principiara a escurecer, o meu pai tentou ataca – los com a Browning. Foi de imediato abatido. Eu e a minha mãe fomos levados de volta à cidade.
Quando entrei em Guernica, as casas estavam caindo de todos os lados, e era totalmente impossível, até para bombeiros, entrar no centro da cidade. Os hospitais Josefinas e Convento de Santa Clara eram montanhas luminosas de brasas, e as igrejas, excepto a de Santa Maria, foram destruídas; as poucas casas que ainda estavam de pé estavam condenadas.
Muitos dos sobreviventes, incluindo eu e a minha mãe iniciamos uma longa caminhada até Bilbau em carroças puxadas por bois. As nossas carroças, repletas de todo o tipo de utensílios domésticos, obstruíram as estradas durante toda a noite.

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Este texto fez parte de um projeto escolar chamado A VISÃO DAS CRIANÇAS DAS DITADURAS EUROPEIAS DOS ANOS 20 E 30 DO SÉCULO XX. Plágio é crime!

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